Em abril de 2009, ao receber mais um médico em sua farmácia, Tim Lopes não imaginava que entraria em uma trama, cuja culminância seria a morte da celebridade mais famosa do mundo. Também não imaginava que aquela clínica em Santa Monica, para onde enviara os 35 frascos de Propofol que um médico comprara, na verdade, não se tratava de uma clínica, e sim, da casa de uma ex-stripper. Nos tribunais, ele conseguiu provar que realmente fora enganado, mas Conrad Murray, o médico responsável pela morte de Michael Jackson, não está conseguindo.
A ex-stripper em questão é Nicole Alvares, uma das três namoradas de Murray, que, naquela época, estava grávida e recebia as encomendas dos sedativos para o doutor. No período de abril a junho de 2009, ela recebera pacotes que continham, no total, 255 frascos de Propofol, 20 frascos de Lorazepam e 60 de Midazolam, uma quantidade de sedativos capaz de levar ao chão um elefante selvagem, segundo os médicos que depuseram até agora no tribunal. Segundo Nicole, ela não sabia dos conteúdos dos pacotes que recebia, apenas os repassava, fechados, ao doutor.
Por conta do trabalho de Conrad, Nicole chegou a conhecer Michael, na sua própria mansão, onde esteve por três visitas e já havia recebido convite para uma quarta. Segundo Nicole, Michael parecia um pouco debilitado. Mas com certeza, suas preocupações não chegaram ao nível das de Kenny Ortega, amigo e coreógrafo de MJ e diretor da “This is It” Tour, que, de tão preocupado com o cantor, no dia 20 de junho, chegou a enviar e-mail para o CEO da AEG Live, empresa que promovia a turnê, dizendo que Michael precisava de ajuda médico-psicológica.
Além de sentir a falta de Michael por uma semana inteira de ensaios, no dia 20, Ortega ficou alarmado ao ver que o rei do POP estava debilitado, fraco, desligado e sentindo um frio incomum. Durante os ensaios, Kenny teve, até mesmo, que aquecer os pés do Rei pois ele já não sabia o que fazer para diminuir tanto frio que sentia. Foi até a mansão de Michael apenas para conversar com o doutor a seu respeito, que o repreendeu alegando que o médico em questão era ele e não Kenny.
A preocupação era tanta que, não somente Kenny a tinha, Frank DiLeo, manager do Michael, também estava preocupado e tomou providências semelhante às de Kenny. Porém, enquanto DiLeo apenas ligou para Randy Phillips, o presidente e CEO da AEG, Ortega mandou e-mail para ele e foi à casa de Michael falar com o médico. O resultado das mensagens que Randy recebra renderau uma reunião na casa de Michael no mesmo dia, na qual Michael garantiu a ele de que estava bem para realizar os shows, informação confirmada pelo seu médico.
Mas eles estavam errados, muito errados! E se eles não tinham total consciência disso, no dia seguinte, pelo menos Michael, teve, pois ele temeu pela sua própria vida!
Em uma ligação franca e desesperada, Faheem Muhamaad, o guarda-costas de Michael Jackson, ligou na tarde do dia seguinte para Cherylin Lee. Michael estava tão desesperado que praticamente não deixou Faheem falar com Cherylin, ao perceber que ela atendera ao telefone, ele começou a disparar para seu guardacostas: “Diga a ela o que está acontecendo comigo. Metade do meu corpo esta quente e a outra metade fria!”. Cherylin, preocupada, mandou-o seguir imediatamente para um hospital, pois o caso dele era preocupante. Michael não foi.
Cherylin Lee é ex-enfermeira de Michael, alguém que gostava muito dele e aplicou propofol no cantor alguns anos antes. No início ela não conhecia a substância, mas após uma pequena pesquisa ela teve certeza de que, quem se importasse verdadeiramente com ele, não deixaria que ele a usasse. Por se importar, ela tentou várias vezes fazê-lo adotar outros métodos para dormir, e foi justamente por cansar de se frustrar com estes métodos ineficientes que Michael a demitira.
Dois dias depois deste evento, Michael estava de volta aos ensaios, e desta vez, extremamente energético, o que levantou ainda mais as suspeitas de seu diretor, Kenny Ortega, de que algo não ia bem. Curiosamente, neste ensaio também estava presente Katy Jorrie, advogada da AEG Live, com a qual Murray fez questão de falar e mostrar que Michael realmente estava bem. Apenas dois dias depois Michael estaria agonizando até a morte e sem adequada assistência.
Para o doutor Conrad Murray, sua responsabilidade pelo fato não é total, parte dela deve ser atribuída também ao doutor Arnold Klein, que a defesa de Murray afirma, categoricamente, ter levado Michael ao vício de drogas médicas, nos anos em que o rei do Pop fora tratado por este médico. Aliás, Murray aponta mais ainda o dedo na direção do outro doutor, afirmando que Michael fazia visitas regulares ao seu consultório, mesmo durante o período em que esteve sobre seus cuidados.
Para Murray, era muito facilmente identificável a consulta de Michael Jacskon por aquele médico, visto que, na cabeceira de sua cama, figuravam frascos de remédios que ele não prescrevera, e também porque quando Michael chegava em casa, vindo da visita a Klein, Michael demorava em torno de 24hs para voltar ao seu estado normal. Este fato é parcialmente confirmado por Michael Amir Williams, assistente pessoal de Michael, e Faheem Muhamaad, o guarda-costas do cantor. Ambos afirmaram no tribunal que quando Michael visitava o consultório do doutor Klein, ele saía de lá um tanto zonzo e desligado, mas não mencionaram o fato dele passar tanto tempo sobre este efeito. Faheem confirmou ainda, perante o júri, que as idas de Michael a este consultório eram constantes.
Segundo Murray, quando, após longas negociações com a advogada da AEG Live, ele chegou finalmente à casa de Michael para tratar do cantor como seu médico oficial da turnê, ele se deparou com uma situação delicada: Michael já era viciado em Propofol. Inclusive, o próprio Michael mostrou a Murray como administrar a droga em seu corpo. Ele contou ao médico qual era a quantidade exata que ele deveria utilizar para fazê-lo dormir e sabia ainda que o médico deveria aplicar uma outra sustância, a Lidocaína, para atenuar a sensação de queimação causada pela entrada do Propofol na corrente sanguinea. Murray não concordava com o uso de Propofol, porém, Michael disse que o usaria com ou sem a ajuda do cardiologista. Por isso, o médico resolveu ajudá-lo.
Por não concordar com o uso de Propofol para a indução de sono, Murray tentou convencer Michael, durante todo o período em que esteve responsável pela saúde do cantor, de que o mesmo deveria abandonar este hábito. Segundo o médico, foi justamente no dia 20 que Murray conseguiu o aval de Michael para tentar outras formas de fazê-lo dormir sem o auxílio da droga. E foi por isso que, segundo a defesa, foram encontrados tantos sedativos no organismo do cantor, durante a autópsia.
Mas, para Murray, o coquetel de drogas que ele dera ao cantor naquela manhã não teria a capacidade de matá-lo. De acordo com o seu depoimento à polícia (que foi dado dois dias após a passagem do cantor), foi o próprio Michael que, frustrado após ter acordado mesmo depois de ter tomado tantos remédios, ingeriu ou injetou Propofol em si mesmo, durante o período de tempo em que Murray foi ao banheiro, o que teria demorado algo em torno de dois minutos. Porém, a acusação definitivamente não aceitou esta versão e esteve disposta a mostrar o que realmente aconteceu. Para os promotores de acusação, Murray agiu com “uma intolerável incompetência e brutal negligência” junto ao cantor, começando por provar que ele não se ausentara apenas dois minutos de perto do cantor, como havia dito à polícia, e sim, durante, pelo menos, quarenta e cinco minutos, tempo no qual ele fez 8 ligações de seu celular. Além de que, segundo médicos especialistas que foram convidados para ir à tribuna, não seria possível que Michael, em apenas dois minutos, tornasse a si com consciência e coordenação motora suficiente para aplicar em si, sem auxílio algum, outra dose de Propofol. Além de que, mesmo que isso fosse possível, em apenas dois minutos não seria possível que a substância tivesse condições de atingir o coração de Michael e provocar nele uma parada cardíaca.
É seguindo a linha de pensamento mais demonstrável apresentada no fórum que, sabemos que aos seis minutos de uma ligação para Sade Anding, uma de suas três namoradas, Murray percebeu que havia algo de errado com o cantor. O médico, sem nem perceber que não havia desligado o celular, colocou-o no bolso e foi tentar ajudar o cantor. Anding, do outro lado da linha, escutava murmuros e as tentativas de Murray de ajudar o cantor, de uma forma abafada por conta do tecido do bolso. Percebendo que algo estava errado, ela tentou desligar o celular e retornar a ligação, mas não foi mais atendida pelo médico. E esta não é a ligação mais interessante que o médico fez nestes momentos.
Às 11:49, era para o telefone de Robert Russel que o médico ligava, mas o aparelho estava desligado. Robert Russel era um ex-paciente de Murray, que diz ter se sentido abandonado pelo médico por conta de seu novo trabalho com o Rei do POP. Russel tinha agendado alguns procedimentos pós-operatórios com o doutor para o mês de junho, porém o médico não aparecera. Apesar de seu telefone ter estado desligado naquele momento, isto não o impediu de receber uma mensagem em sua caixa postal, com Murray avisando-o de que sairia do país. E ele não foi o único a receber esta mensagem do médico.
Nicole, a ex-stripper e namorada do médico e mãe de seu futuro filho, também recebeu a ligação do médico com a notícia bombástica. Como o telefone dela não estava desligado, ela foi a primeira pessoa no mundo (além do próprio médico) a saber da passagem do grande entretainer.
Alguns minutos depois ele descia à cozinha e pedia para Kai Chase, a cozinheira de Michael, que chamasse os filhos mais velhos do cantor, Amir Williams, o assistente pessoal de Michael e também Faheem Muhamaad, o guarda-costas. Ora, mas que idéia! Quem, em sã consciência, tenta tirar uma cozinheira de sua cozinha, ao meio-dia, com o almoço ainda não estando pronto? É claro que ela não iria sair de seus afazeres para rodar uma mansão inteira atrás de algumas pessoas sem nem saber o porquê daquilo. Apenas os filhos foram avisados e subiram ao quarto do pai.
Ao chegarem lá... Lágrimas! O choro de duas crianças que vêem seu tão amado pai às vias da morte. Foi preciso que Murray, as 12:13, ligasse para o assistente pessoal de Michael e pedir que ele viesse ao quarto do cantor e trouxesse ajuda: o guarda-costas. Foi Faheem quem se incumbiu de retirar do quarto e dar as primeiras palavras de conforto às crianças, enquanto Amir tentava ajudar o médico cumprindo suas ordens, de que retirasse da cena alguns “frascos de cremes que MJ não iria querer que o mundo soubesse que ele usava”. Enquanto recolhia os tais frascos e colocava em uma bolsa azul, Faheem fez o que Murray deveria ter feito a, no mínimo, meia-hora atrás: ele ligou para a emergência.
Quando finalmente em contato com a emergência, pelo telefone eram dadas instruções do que eles deveriam tentar fazer enquanto a equipe de paramédicos se deslocava até a mansão, mas, quando chegaram, Michael já estava morto. Aliás, Michael já estava morto há muito tempo, e as ligações que Murray fez provaram isto. Mas ele não admitiria isso em hipótese alguma.
Murray não aceitou quando Richard Senneff e Martin Blount, os paramédicos daquela missão, dessem o veredicto da morte do cantor, por conta disso eles ainda tentaram, por 47 min, reanimá-lo. Obviamente sem sucesso. E quando Richard foi tentar estimar a hora da morte do cantor, Murray ainda o interrompeu, impedindo-o de fazer isso e ainda insistindo de que era possível salvá-lo, exigindo que o levassem para um hospital. Os paramédicos resolveram atendê-lo, afinal, ele também era médico. E enquanto retiravam Michael do quarto em direção à ambulância, notaram uma coisa muito estranha: Murray recolhia alguns frascos de remédios que estavam jogados no chão. Murray lutara tanto para que Michael fosse levado a um hospital e, no momento da ida, ao invés de acompanhar todo o transporte, ficou um tempo para trás, recolhendo frascos misteriosos. Martin, apesar da pressa em levar Michael para um hospital, ainda conseguiu reconhecer uma garrafa de Lidocaína que Murray colocava em uma bolsa.
No hospital, Murray continuava omitindo que havia dado Propofol ao cantor, já sabia de seu óbito, mas não revelava à imprensa, à família, ou a qualquer um. Foram os paramédicos que atenderam ao chamado de emergência que primeiro contaram à imprensa que o rei do pop, possivelmente, já não estaria mais entre nós, e que, na verdade, possivelmente já chegara morto ao hospital.
Após este episódio, Murray ficou incomunicável por algum tempo, reaparecendo publicamente apenas dois dias após o ocorrido, para oferecer sua versão do acontecido à polícia. É graças a este seu depoimento que ele está sendo julgado, porque se não fosse por este depoimento, dificilmente a polícia conseguiria provar que Murray dera Propofol ao astro. Sem o depoimento em que Murray afirma isso, seria impossível provar que o próprio Michael não havia injetado em si mesmo a substância, como a defesa do médico passou o julgamento inteiro tentando provar.
A sentença deve sair no decorrer desta semana, e tudo indica que ele será condenado, m esmo que a apenas quatro anos de prisão domiciliar (Oh! Que castigo) que, se ele não tentar fugir vão ser reduzidos a apenas dois...
Estaremos acompanhando o caso e trazendo as ultimas notícias sobre esse fim de julgamento pra você. Acompanhe o que tem por vir em primeira mão aqui mesmo.
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