E se ao ler o nome do single, Lágrimas, você já se lembrou automaticamente da música homônima de Victor e Leo, saiba que seus ouvidos vão perceber ainda mais semelhanças desta música com o cenário musical local, apesar de as referências dela serem loucamente distantes.
Lágrimas começa com um pianinho e a voz hipnotizante de Dulce Maria, ao melhor estilo de Ingenua. Então entra Julión Álvarez com sua voz de veludo e tudo parece encantador, até que... entram as batidas. A partir daí as opiniões de dividem.
Dulce fez uma fusão entre o latin pop e a grupera, ritmo típico do México. Julión Álvarez faz um som conhecido como norteño, que é um estilo de música ainda mais típico do México e anterior à grupera, sendo uma de suas influências, ao lado da cumbia e da ranchera.
A grupera seria como o nosso sertanejo da década de 1990, ou como o country dos EUA. Um som que nasce nas fazendas mas se faz nas cidades. Lágrimas é um cover de um cantor chileno chamado Koko Stambuk, que produz músicas no estilo grupera, porém com uma sonoridade difernete daquela produzida no território mexicano, seu som é mais limpo e contemporâneo.
Para conseguir realizar esta fusão, de um ritmo regional com o pop, Dulce chamou o produtor brasileiro Dudu Borges, que já trabalhou com nomes como Fiuk e Michel Teló. Vale salientar que o nosso sertanejo universitário, o nosso forró e brega eletrônico, o nosso calipso, o nosso tecnobrega, são todos ritmos oriundos de fusões entre ritmos tradicionais e o pop. Ou seja, nossos artistas, e também nossos produtores têm larga experiência neste tipo de transformação. Com certeza, com tantas viagens de Dulce ao nosso pais, ela deve ter tido muitas oportunidades para entrar em contato com estes tipos de sons, por isso, seria uma escolha natural dela optar por um produtor brasileiro para levar em frente este desafio. Além de que, com um produtor de nosso país, ela pode adequar ainda mais a sonoridade da canção ao nosso estilo musical, sendo talvez uma aposta dela no nosso mercado.
Como resultado, nós temos um som muito louco, que aos ouvidos de um brasileiro, se assemelha a um sertanejo universitário, mas "tem algo de diferente" que a maioria de nós não sabe explicar o que é. Aos ouvidos de países hispanohablantes, seria uma grupera diferente... enfim, para cada ouvido, uma referência.
Mas e o que Dulce esperava passar para seu público com uma proposta louca como esta? Após o lançamento do single, a própria Dulce explicou seu objetivo com a canção: após abrir espaço internacional com o seu álbum Extranjera, Dulce quis levar ao mundo um pouco mais da cultura sonora de seu país, porém, com uma outra roupagem para que tivesse alcance internacional.
Por isso ela pegou uma música chilena feita com base em um ritmo mexicano, chamou um cantor reconhecido e super tradicional da cultura real de seu pais e ainda um produtor típico do seu maior reduto de fãs, para que trouxesse um olhar internacional àquilo. Como resultado desta big fusão latina, temos Lágrimas.
Você pode gostar ou não gostar da música, é um direito seu, até mesmo porque ela termina soando mais estranha aos nossos ouvidos tupiniquins do que aos ouvidos mexicanos. Mas se você realmente não gostou da canção, nós temos uma boa notícia: esta é a canção mais diferente do novo álbum da cantora! Ou seja, você provavelmente vai gostar mais das demais. E se você gostou, melhor ainda, porque agora que você já conheceu o nível do investimento que a Dulce está fazendo, já deve estar sentindo frenesi por tanta ansiedade de ouvir o álbum completo!
Abaixo deixamos o video da canção original, da qual o single da Dulce é cover. Uma coisa que vai se destacar nos seus ouvidos é o roots da canção. Ela é típica da grupera original, mas na roupagem chilena ela é mais evidente, lembrando bastante o reaggee. Outra coisa que você vai notar é a guitarra super heavy metal no meio da música. Sinceramente? Nós do Fan Fit queriamos muito esta guitarra na versão mexicana. A Dulce bem que podia ter chamado o Chimbinha para aterrorizar neste solo, não é verdade?
Mas e daí, de qual versão você gosta mais?
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