Em primeiro lugar, é preciso entender que a música latina propriamente dita está se apresentando como uma tendência no mundo pop produzido por hispanohablantes. Dos quatro maiores ícones teen poplatinos a lançar material inédito este ano, Belinda, PeeWee, Dulce e Maite, 100% deles vieram com uma proposta voltada às suas raízes. Em parte, o que diferencia os seus trabalhos é a forma como cada um lida com o tradicionalismo em suas artes.
O álbum Catarsis da Belinda inicialmente iria sair bem parecido com Eclipse de Luna, da Maite Perroni, com bachatas, cumbias e outros ritmos típicos de lá. Com o atraso no lançamento e com a própria cantora recebendo novas influências em Miami, ela percebeu que poderia elaborar melhor sua proposta. Mesmo o resultado final do álbum tendo saído bem pop, é possível perceber todas as nuances tradicionais das músicas, principalmente daquelas que, originalmente, seriam bachatas. Isso porque a bachata tem uma construção melódica meio que típica. No final, seu trabalho ficou bem feito, redondo, pop, capaz de agradar internacionalmente e de encantar um público grande, de norte a sul em qualquer país das Américas. Além disso, Catarsis é uma grande contribuição ao mundo da música por ser o resultado de um trabalho árduo de desenvolvimento de novas técnicas sonoras para a junção do internacional com o nacional deles.
PeeWee já fez um trabalho menos elaborado que a Belinda, porém, mais puro e tão internacional quanto. O cantor vem basicamente com o dance e a cumbia em seu novo álbum, evitando grandes misturas mas sendo eficaz com a sua proposta. O trabalho realizado em Vive2Life não destoa das suas produções anteriores, desta forma ele consegue agradar a toda sua fanbase. Mas, com a sua evolução musical, conseguiu produzir um material ainda melhor que suas antigas produções, um material capaz de atrair, inclusive, novos fãs.
Seguindo a tendência de negócios de focar no mercado brasileiro, o cantor fez uma regravação de um pagode, Assim Você Mata o Papai, porém, evitou navegar por águas desconhecidas, transformando o pagode em uma cumbia. A cumbia é um estilo que ele domina, então, conseguiu fazer isso com muita categoria.
Maite Perroni seguiu a tendência e a proposta que Belinda iria seguir antes de mudar de ideia, que é a de focar no público mexicano produzindo aquilo que "bomba" por lá. No caso, a bachata, ritmo visto com descaso por quem se considera detentor de uma cultura diferenciada, domina o álbum, apesar dele não ser só isso e trazer uma riqueza rítmica até interessante. Mas trabalhar com bachata, inclusive como single, por si só, já é um risco duplo: Primeiro pelo preconceito que a bachata sofre; e Segundo porque tem baixa penetração internacional, principalmente, tem baixa penetração no Brasil, um dos principais mercados para uma artista como ela. O bom de Eclipse é que ele não tem só bachatas, trás outros ritmos que têm melhor aceitação intelectual e recepção internacional. Resta saber como ela vai proceder para a divulgação de seu álbum e, principalmente, como vai desenvolver os seus shows. Focar em bachata é um risco internacional, mas não é um impecilho. Na verdade, é um desafio... e até que ela está tendo boa recepção com o seu álbum. Em seu país de origem, o México, ela até que está gozando de um certo status, pela crítica ter considerado as suas bachatas de um nível artístico superior ao que está sendo produzido por lá ultimamente. Definitivamente, este pode ser um fator extra que a ajude a vender sua música em outros países.
A estratégia de Maite para o mercado brasileiro é a realização de parcerias, sendo a mais visível a que ela fará com o Thiaguinho. Vale ressaltar que aqui no Brasil ela segue o mesmo padrão de mercado que ela escolheu trabalhar no México, buscando um cantor que atinge a um público semelhante ao que o álbum dela está atingindo no México, porém, que é diferente do seu público de fãs brasileiro. Quem está utilizando uma estratégia semelhante é a Thalia, sendo que esta escolheu o cantor Daniel para o featuring, que goza de melhor percepção cultural do que o Thiaguinho.
Quanto ao álbum que a Dulce Maria lançará em breve, o que temos até agora são apenas expectativas, porém, as duas músicas que já temos dele nos remete a um mix de todas as estratégias citadas acima. Seguindo a onda, ela também buscará as raízes latinas, só que, diferentemente dos demais trabalhos, estas raízes, não necessariamente, serão dela... ou do país dela. Assim como a Belinda, Dulce não reproduzirá estilos já prontos, mas buscará desenvolver novas propostas tendo o pop como base. Sendo que a Belinda parece estar vindo muito mais pop do que a Dulce, além de deixar transparecer em seu trabalho musical uma bagagem cultural mais profunda do que a nossa Dul.
Assim como o PeeWee, Dulce regrava música de um mercado que ela considera importante para a sua estratégia de vendas, sendo que enquanto o PeeWee regravou algo do Brasil, a Dulce regrava do Chile, um país em que ela tem uma base de fãs muito forte. Porém, é claro que ela não descuidará do Brasil.
E finalmente, assim como a Maite, Dulce também fará uma parceria com um brasileiro. Inclusive, o desafio que Dulce enfrenta nesta questão de é o mesmo que a Maite e que o Maná: seus fãs daqui não necessariamente simpatizam com os ritmos e/ou cantores nacionais escolhidos para as parcerias, por isso ficam mais surpresos do que encantados quando ouvem estas músicas e notícias. No caso, tudo indica que a parceria da Dulce será com a Manu Gravassi. A Manu não é a artista que a maioria dos fãs da Dulce gostariam de ver cantando junto com sua estrela, mas, a Manu ao menos é uma artista que produz um tipo de som que é bem percebido pelos fãs da mexicana, sendo uma estratégia que consideramos bem acertada.
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